quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Em busca do "Campo M"

Cada um de nós tem suas próprias opiniões. Muitas vezes nossas opiniões podem ser divergentes, opostas e até inconciliáveis.

Como conviver democraticamente numa sociedade onde cada um pensa e sente do seu jeito? Como mudar a sociedade (para melhor), diante de todas essas discordâncias? Como atingir a união necessária para grandes realizações, aquela união que "faz a força"?

Eis um grande desafio. Geralmente vemos os poderosos unidos para promover seus interesses e manter a ordem tirânica que os sustenta, mas aqueles que sofrem com sua tirania permanecem desunidos e não conseguem dialogar para encontrar um caminho de transformação social vasta e profunda.

Ficamos presos a rótulos superficiais e deixamos de perceber as possibilidades de convergência repletas de potencial transformador.

Cada um está tão encastelado em suas convicções e atitudes que não consegue enxergar o outro como um parceiro de lutas, construção e conquistas. Desejamos impor nosso ponto de vista a outrem, mas não mostramos disposição para ouvir o que ele tem a nos dizer.

Desse modo, grandes oportunidades são perdidas, e isso, obviamente, só beneficia aqueles que estão no poder.

As divergências e os abismos certamente existem, mas podemos (e devemos) construir pontes para superá-los, de modo a encontrar caminhos em comum que possam nos conduzir a um futuro melhor!

Precisamos deixar de olhar o outro como inimigo, e encontrar nele aquilo que nos torna potenciais aliados. Não falo aqui de traçar alianças cínicas e oportunistas, ao estilo dos "pactos de governabilidade" que tantos males trouxeram ao nosso país nos últimos anos. Falo da busca sincera de pontos de concordância, de encontrar aquelas causas e motivações que nos unem, em lugar de enfatizar aquelas que nos separam.

Imaginemos quatro personagens: Helena, João, Regina e Gustavo. Helena é um tanto conservadora, materialista e "contra a corrupção"; João é católico, socialista e militante do movimento negro; Regina é umbandista, lésbica e feminista; Gustavo é evangélico e é radicalmente contra, digamos, a legalização da venda e consumo de drogas.

Muitas coisas parecem separar esses personagens e, de fato, separam. No entanto, olhando com mais atenção e generosidade, existem algumas questões sobre as quais eles podem se entender, e pelas quais eles conseguiriam se unir, superando momentaneamente suas divergências.

Imaginemos um exemplo: Helena, João, Regina e Gustavo desejam que a educação pública sofra melhoras e, dentro desse tema específico, todos quatro concordam que melhores salários para os profissionais de educação e redução do número de alunos por turma contribuiriam significativamente para essa melhora.

Se trata de um ponto de convergência, que quero chamar aqui de um ponto "M" (de metamorfose). Todos esses personagens, apesar de suas diferenças, poderiam se unir e lutar pela realização desse "ponto M", digamos, organizando manifestações de rua, atos de protesto ou divulgando material em favor disso nas redes sociais. Fazendo isso, Helena, João, Regina e Gustavo poderiam ajudar a promover melhorias significativas para a juventude brasileira e o futuro de nosso país.

De fato, isso já acontece, em alguma medida. Uma coisa que me chama a atenção no Facebook é que às vezes compartilho determinados conteúdos de caráter político ou social que angariam curtidas e comentários de aprovação por parte de pessoas com perfis ideológicos muito distanciados. Isso sempre me deixa surpreso, e ao mesmo tempo me faz pensar sobre quanto poderíamos fazer se prestássemos mais atenção a essas linhas e pontos de convergência e agíssemos de modo consistente pela promoção dessas causas de interesse comum.

Na verdade, creio que existem muitos desses "pontos M"; poderíamos até imaginar que juntos eles componham um verdadeiro "Campo M", um campo de ação onde podemos nos unir para a construção coletiva de um futuro melhor.

Não custa sonhar com isso...


O que é Metamorfismo?


Metamorfismo é movimento, é a pessoa que se movimenta, é vida que se movimenta.

É profunda transformação, que transforma se transformando serenamente.

É desejo de mudança.
É desejo de mudança que muda a própria mudança.
É desejo de mudança que muda o próprio desejo.
É desejo de mudança que muda até aquele que deseja.

Metamorfismo é a busca que nunca se esgota, é transformação infinita e incansável. Metamorfismo não tem ponto final, pois é sempre ponto-e-vírgula.

Metamorfismo é buscar a si mesmo.
É buscar a si mesmo no outro.
É buscar o outro em si mesmo.
É perder o EU para encontrar o NÓS.

É educar-se, educando.

É fome e sede de justiça, de liberdade, de igualdade e fraternidade. É coragem, esperança e fé, insatisfação serena e inconformação ativa.

É buscar o futuro, respeitando o passado; criatividade infinita, aproveitando o velho para criar o novo.

É luta, construção e luta construtiva: edificar pontes, construir estradas e derrubar muros.

É sonho, mas também realização.

É mudar O mundo, mudar NO mundo e mudar COM o mundo.

É beijar a vida e abraçar a humanidade.

Metamorfismo é transformação, amor e transformação pelo amor.

Uma fábula chinesa inspiradora

"O Velho louco que removeu as montanhas" - Liezi

Perto das montanhas Taihang e Wangwu, vivia um velho de noventa anos que todo mundo achava louco. Ele tinha uma ideia fixa, a de remover as montanhas da frente de sua aldeia e levá-las para outro lugar. Ninguém acreditou que ele fosse fazer isso.

Certa noite todos foram dormir tranquilos. No dia seguinte, o velho louco acordou bem cedo e disse novamente que iria remover as duas montanhas, para abrir um caminho até Hanying, onde os agricultores iam vender seus produtos no mercado.

Ele começou a encher um cesto com pedras e, pouco depois, passou perto de sua casa com a carga nas costas.

Sua mulher perguntou: - Onde vai jogar a montanha?
-No mar Bohai.

Logo seu filho e seus três netos foram trabalhar com ele. Juntos quebravam as pedras, tiravam a terra, enchiam com ela os cestos e iam jogá-los no mar Bohai. Até o filho de sete anos da viúva que nascera depois da morte do vizinho, veio ajudá-los. Eles trabalhavam de domingo a domingo, de primavera a primavera, voltando para casa apenas uma vez por ano.

Mesmo algumas pessoas que não acreditavam que fosse possível tirar as montanhas do lugar se dispuseram a ajudar o velho louco. Primeiro sua mulher e seus outros filhos. Depois os vizinhos, e os vizinhos de seus vizinhos. Mais tarde acharam, sim, que a montanha tinha de dar passagem até Hanying.

Um sábio que vivia na curva do rio tentou dissuadi-lo daquela loucura.
-Deixa de ser doido. Um homem velho e fraco como você, incapaz de carregar um saco de areia, vai remover duas montanhas para mudá-las de lugar?

O velho deu um suspiro. Olhou para a montanha, olhou para o mar Bohai, lá longe, como se calculasse quanto tempo faltava para terminar o trabalho, e disse:
-Se eu morrer, eu deixo o meu filho, e o filho do meu filho, o filho do meu neto, o filho do filho do meu neto. Já as montanhas, não crescem mais, nem aumentam de tamanho. Por isso eu vou continuar meu trabalho.

O sábio da curva do rio não soube o que responder.

Vento de mudanças

Essa semana, eu e minha esposa resolvemos iniciar grandes mudanças em nossas vidas. O objetivo desse blog é compartilhar as reflexões e experiências que farão parte desse caminho.

Seja bem-vindo!